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A mostrar mensagens de 2012

Lojas FNAC

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Lembro-me de as lojas FNAC serem uma bebedeira de livros. “Bebedeira”, ainda que usado como adjectivo, pode soar deselegante... por isso a marca FNAC repensou o negócio. Foi evoluindo, digamos, “refundando” o conceito. Agora, as FNAC viraram qualquer coisa como “lojas de porcelana do sec. XXI”. Nomeie-se um autor, preferencialmente um autor pouco literato mas famoso, idealmente um não autor mas famosíssimo, e veremos que ele lá está, na FNAC, na versão para iPad, Android, DVD, Blu-ray, capa para iPhone, plasticina, autocolante e boneco de silicone articulado. Mas se o quiserem mesmo em livro, vão ter que esperar que um funcionário gótico, de piercings faciais e blusão porta-crachás, vos atenda, e após sessão autista de consulta ao sistema informático, vos diga que a prateleira dos livros é lá bem ao fundo, logo a seguir à secção das Moleskine.

Visita de Estado

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A foto parece antiga, mas não. É futurista. Foi tirada aquando da terceira visita da chanceler Merkel aos Territórios do Sul do Império. Mais exactamente numa zona chamada Portugal. - “Veja como está tudo dizimado, Chanceler. Tal como nos tinha recomendado. Observe a vastidão do território libertado. Só restamos nós, governo, e um banco, literalmente.” Diz o janota do meio, um tal “passos coelho”, acotovelando contra a parede um acólito, o “portas”, que com o tempo lhe mereceu estatuto de insignificante. O “portas” refugiava-se naquele tique estranho que tinha adquirido no Reich anterior: quando se sentia pouco à vontade, olhava em frente, para evitar ser notado. Mais à direita, o quinto, era o “relvas” que olhava sempre a obra realizada, de queixo emproado. Tudo para ele era honoris causa. O último, o pequenino da direita, era o “gaspar”. Aparentemente reservado nas apresentações protocolares, era exigente numa coisa: queria sempre ser visto o mais próximo p

Fora da box

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Quem hoje entrar no edifício da consulta externa do hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, não encontra um balcão de informações, não encontra uma zona de acolhimento a idosos, não encontra um local onde se possa obter, por aluguer ou empréstimo, uma cadeira de rodas. Não encontra sequer informação sinalética apropriada que lhe indique como chegar ao parque de estacionamento, ao hospital de dia ou à capela mortuária. Mas encontra, isso sim, uma banca da PT/Meo que lhe explicará com prontidão que fibra óptica é coisa que se está sempre a tempo de comprar. Não será um pouco "fora da box"? Se os hospitais começam a alugar espaço "público" para serviço de vendas, ainda corro o risco de acordar da anestesia, já de caneta na mão, para abrir uma conta Cristiano Ronaldo.

Leave Her to Heaven

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O que é o preço da fama? Será uma apresentadora de televisão fugir do estúdio enroscada no porta-bagagens do meu carro, para evitar o psicopata que a espreita no estacionamento e todos os dias lhe entrega cartas de amor? Será o pivô do jornal que recebe diariamente uma gravata de seda, vinda de admiradora anónima, com indicações precisas do pandã para camisas e casacos? Já tenho visto celebridades no check out do hotel, ser-lhes recusado o pagamento da despesa porque “ o privilégio da sua estadia foi inteiramente nosso!” – isso não é também um preço para a fama? Já vi aldeias paradas a aplaudir um carro que passa porque traz o emblema da SIC ou da TVI. Vi policias desculparem-se por ter mandado parar famosos da televisão, que iam apenas bem bebidos e em excesso de velocidade, “siga lá, e já agora um autografozinho para a minha filha, pode ser? ” Vi um matulão fazer uma espera ao apresentador, porque não gostou da forma derretida como a esposa, que segurava

Em casa de ferreiro...?

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shooting the MGM logo, 1924 Há na RTP bons profissionais da imagem, do som, da edição, do guião, do texto e da narrativa, da realização, da ilustração gráfica, da reportagem e do jornalismo, da produção, etc., etc. Tantos! Serão centenas, milhares? São criativos, habituados a trabalhar histórias e enredos, reais ou ficcionados, em que os protagonistas são sempre os outros – nós, o mundo. Desta vez, o coração desta família profissional, palpita incomodado com o que se passa dentro de sua casa. Há tanta coisa para contar, para perguntar, para explicar... e há sobretudo a vontade de exercer o direito inalienável de debater a verdade. Mas pouco tenho visto por aí feito com o seu trabalho o seu saber. Encontram-se uns blogs, uns posts, uns comentários de facebook, uns links, uns artigos. É pouco, para as ferramentas poderosas que esta família domina. Não falo dos meios da RTP, claro; nem dos conteúdos, nem das antenas. Não há apelos insurrectos nesta ideia. Sã

Concessionar a consciência

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Petar Meseldžija - Giants and the Bullfight Numa altura em que a RTP tanto precisa do carinho público, e o público tanto precisa de uma RTP distinta, logo aparece a costela marialva da televisão e espeta um ferro curto nessa relação de confiança.

Bilhete de ida

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Preservo as raízes, mas perdi as razões, Excelências. Obrigado Senhor Presidente e meus Senhores, pela carta de embarque. Aceito viajar com bilhete de ida, para qualquer destino, desde que me deixem levar caneta e um prontuário ortográfico. A ser possível levaria também o dicionário de Sinónimos, sempre me poderia corresponder com Vossas Excelências.